Começamos bem essa sexta-feira ensolarada, músicas, pessoas pra lá e pra cá. Adorável Hamburgo. Vamos dar uma passadinha na casa dos Kaulitz para ver o que está pegando lá.
– Agora você pode me responder. – Tom, com uma camisa de basquete gigante onde atrás guardava o nome dele, e uma boxer preta que não dava pra ver porque a blusa cobria tudo.
– Que pergunta? – Bill, sentado na cadeira com uma bermuda que deixava a mostra suas pernas finas e magras, e um roupão preto.
– Sobre a menina que você ama. Diga-me: nome, telefone, idade, onde trabalha, tipo físico, essas coisas.
– Tudo bem. – sorriu. – Chris Blocke, vinte anos, trabalha na assessoria do hospital municipal de Drainsfort, faz faculdade de medicina, é do tipo perfeita, não pratica muitos esportes, mora no bairro Drainsfort numero oitenta e quatro e bom... Eu não sei o numero dela.
– Parabéns maninho, demorou mas valeu a pena.
– Verdade, e sabe... Ela pediu meu numero.
– Agora trocou os papéis? Ela que pede seu numero? Por quê?
– Eu convidei a Chris para sair ontem, mas ela estava ocupada. Então pediu meu numero para me ligar e marcar alguma coisa. – largou o copo na pia e se debruçou na bancada. – O mais legal foi que ela prometeu que ia me ligar.
– Isso é muito bom, agora vamos logo nos arrumar, o trabalho nos espera. – terminou o suco e largou o copo na pia; se espreguiçou e saiu.
Zona norte da cidade, o que será que está rolando?
Silêncio, todos dormiam. Já era nove e meia vamos acordar meninas?! O despertador honrou seu nome e se pôs a tocar. Sirene irritante, com certeza acordaria o pessoal. Chris pulou da cama acordando de um sono, cambaleou até o banheiro enquanto encarava as margaridas que agora estavam mergulhadas em um vaso de água. Tomou café sozinha na grande cozinha e logo em seguida pegou um ônibus até o hospital. Logo quando chegou, foi recebida pelas crianças, “as” não. Uma em especial... Megan, a filha pseudo- adotiva de Tom.
– Olá querida, o que faz aqui?
– Eu estava esperando você. Porque eu preciso te contar um segredo. – Julia passou por elas, acenou e entrou na sala. Megan fazia uma carinha de sapeca.
– Então me conte, eu quero saber. – as duas caminharam até o jardim e se sentaram no banco debaixo das arvores. – Agora pode me falar! Para com esse suspense.
– O Tio Tom me contou um segredo, e disse que você era a única que poderia saber dele.
– Então me conte.
– O tio Tom me contou que o Tio Bill gostava de você. E que pro... Pro... – Se enrolou nas palavras. – Provavelmente, você também gostava do Bill. Mas tia Chris... Por que vocês não estão juntos?
– Megan, eu e o Bill somos amigos. – Uh, a tia ficou sem graça. Assustou-se com o papo de uma menina de quatro anos.
– Foi exatamente o que o Tio Tom disse que você ia dizer. Ele disse que você não estava... Não estava... Certa das coisas.
– Tom disse tudo isso pra você? – Engoliu o seco.
– Ele falou mais, mas eu não disse tudo.
Já que o tempo estava mais que bom, as duas ficaram por um bom tempo conversando. Megan falava sem parar.
– Ai o Tio Tom disse que tinha uma história de amor pra me contar. Nem eu nem ele conhecemos o amor direito, mas ele me disse que um cara que acreditava nessas coisas de amor verdadeiro, apaixonou-se a primeira vista, por uma menina em uma estação de trem. Mas ele não sabia nada dela. – a pequena deu um tempo para se lembrar de tudo. – Só que o cara acreditava que o destino ia ajudar e ajudou. Depois ele a viu de novo em um hospital onde a menina trabalhava, e o nome da moça era Chris, o menino fazia de tudo pra ficar com ela. O Tio Tom não me contou o final, porque ele disse que quem teria e me contar, era você. Então... Qual é o final?
Depois da história, Chris demorou a se recompor. Tentou pensar em algo para responder, mas não deu certo.
– Megan... Eu, eu não sei.
– Tem que saber! O Tio Tom disse que só você sabe o final. Eu quero saber o final. – fez Birra.
– Só um minuto querida. – Chris pegou o telefone e discou o numero recém adquirido a lista telefônica. – Oi, é a Chris.
Vou dizer a vocês a conversa toda, por ser boazinha.
Bill: Oi Chris! Que bom você ligar.
Chris: Eu sei, olha... Ainda estou vendo um dia. Mas no momento, preciso falar com o Tom.
Bill: Tudo bem, não tenha pressa. Vou passar pra ele.
Tom: Hello!
Chris: Como pode falar aquilo pra uma criança de quatro anos?
Tom: Ela queria uma história, e eu dei. E não é qualquer criança, é a minha filha. É esperta, puxou a mim. – brincou.
Chris: E o que eu vou falar? Ela quer um final.
Tom: Você o Bill não vão sair?
Chris: Sim.
Tom: Então, faz dessa “saída” um final.
Chris: pode ser.
Tom: Mas e ai, acreditou na história?
Chris: Não sei. É verdade?
Tom: Você que sabe. Agora vou ter que desligar, o David é legal, mais é estressado.
Chris: Tudo bem manda um abraço para o pessoal.
Tom: O pessoal, a Chris mandou um abraço pra vocês e um beijo pro Bill. – Anunciou.
Chris: Você me paga! Tchau. – Desligou.
Voltou-se para Megan.
– Me dá até terça e eu te falo o final, ok?
– Ok. – Abraçou Chris. – Te Amo.
– Também te amo. – beijou a testa da menina. – Megan você está quente querida. Vamos entrar por que parece febre.
As duas caminharam para dentro do hospital. Uma delas tentando fazer cabeça pensar, não acreditando nas coisas que ouviu. A outra, com o corpinho pequeno e quente, tentando esconder um probleminha.
~*~
No estúdio treinando as letras mais que decoradas, Bill, Tom, Georg e Gustav discutiam sobre a vida deles, ao invés de tocar.
– Antes você não sabia nem o nome dela, agora a Chris te liga? – Gustav balançava as baquetas, como se tocasse bateria invisível.
– Graças a mim. – Tom aparece do nada com uma de suas guitarras. – Essa evolução só se concretizou por ajuda minha.
– Sua?! – duvidou Georg.
– É verdade Ge, o Tom que me ajudou. – Bill sorri.
– É, a terra gira. – conclui Georg.
Como bons músicos, ensaiaram até tarde e depois foram para casa do Gustav assistir um filme. Exceto Tom que foi sair com uma “amiga”. Em plena sexta na casa dos Schäfer, rendeu altos papos. Bill foi para casa de madrugada e como já era previsto, não encontrou Tom lá. Já estava tarde e não havia ninguém para conversar, Bill juntou o útil ao agradável e foi dormir.
~*~
Onze e dez da manhã. O sábado começaria perfeito. Começaria.
Em uma cama redonda de motel, Tom Kaulitz dormia com uma desconhecida de descendência italiana de peitos fartos e cabelos longos. Resumindo: uma vadia.
O telefone do “grande pegador” tocou e fez com que os dois acordassem.
– Alô? – Era Chris. – Ah, oi. Não está atrapalhando. Pode falar. – mais alguns segundos. – Mas assim do nada? – esperou a resposta. – Tudo bem, eu vou ir até ai sim. Beijos. – desligou o telefone e pulou da cama.
– Aonde vai, Tom? – perguntou a putinha com o sotaque no estilo: “me coma”;
– Minha amiga está doente e eu vou vê-la. – Não, a gringa não acreditou, mas dane-se.
Depois de uma hora, dentro do quarto de hospital se reuniam: Bill, com balões de ar na mão, Gustav comenda chocolate, Georg, segurando um urso gigante, Chris perto de Megan. Tom chegou correndo e se pôs ao lado de Megan.
– Hey parceira. O Tio Tom está aqui. – passou a mão no rosto quente e rosado da menina.
– Tio Tom? – sussurrou abrindo os olhos. – Você veio! – passou os braços em volta do pescoço dele e o abraçou.
– Sim. Todo mundo veio. Está bem? Quer alguma coisa?
– Eu quero que todos saiam, preciso falar uma coisa com você. – anunciou. Todos ouviram e saíram do quarto.
– Pode me falar.
– Eu estou com medo.
– Medo de que pequena?
– Do escuro. – Tom percebeu que a menina não se referia a ausência de luz, e sim a ausência de vida. Sentiu algo o apertar o coração e a abraçou mais forte.
– Eu estou aqui. Posso ser bem idiota, mas não vou deixar você no escuro. – mesmo com todo aquele tamanho, Tom parecia uma criança.
– Então eu não tenho medo. Agora, me conta o final daquela história?
– Eu não sei.
– Chama a tia Chris aqui. – O pedido veio com uma suplicia. Megan estava bem mais parada do que normalmente era. Tom foi até a porta, e voltou com Chris;
– O que foi Megan?
– Tia Chris, me diz o final daquela história.
– Eu não sei;
– Ai mais que... – parou quando viu que não poderia falar palavrão. – Posso inventar um final?
– Claro.
– Então... Eu ainda não sei o que é amor, mas quando a moça viu que esse garoto a amava, deu uma chance a ele. Até que ela gostava dele também, então eles ficaram, e viveram felizes para sempre.
– Bela história. – Chris disse mais nervosa, tanto pela história, quanto pelo tom que Megan contou. A voz estava falha e fraca, a respiração mais calma.
– Então Tia Chris, faz esse final... Virar verdade. – As falas foram caladas pelo silencio.
Calma, a pequena Megan não tinha ido... Ela apenas dormia. O dia havia sido tão agitado a sua volta, que tirou um sono. Aproveitaram esse momento para transportá-la a um hospital maior. Tom deu a sugestão e insistiu para pagar a conta, já que se dizia “pai” dela.
Dentro do carro, Tom, Bill e Chris iam até o outro hospital. Onde Megan seria melhor cuidada.
– Calma Tom. – Bill disse enquanto dirigia.
– O que? – Chris se sentiu perdida no assunto. Pra ela Tom estava bem, mas em silencio.
– Coisa de gêmeo Chris. Tom só está preocupado.
– Tom já disse, a Megan vai ficar bem. Você ainda se dispôs a pagar um medico melhor. Calma.
– Eu sei, mas ela é tão pequenina.
– Forte e esperta. – Bill completou.
Depois que chegaram, Bill teve o trabalho de dar atenção a Tom e Chris. Os três passaram a noite no hospital dentro do quarto onde Megan estava. Chris dormia debruçada em Bill e Tom mantinha-se acordado ao lado da cama da menina. Logo David chegou ao hospital, se juntou aos outros três no quarto e elogiou o comportamento de Tom.
Pois é, acabamos mais um capitulo sem muitas coisas novas. O efeito paternal de Tom o manteve acordado por toda a noite até de manhã. Mas não o manteve acordado durante o dia. Bill e Chris parecem estar mais próximos, e isso era bom. Megan teve uma febre tão alta que quase alcançou o lado mais escuro das coisas. Mas depois da tempestade, vem a bonança. E desta, vamos tirar um belo proveito.