(Mélani)
Cheguei em casa e desabei em lágrimas. Me joguei no sofá e a raiva, tristeza e cansaço me torturava.
– Droga, droga, DROGA! – gritava histericamente. – Por que comigo!?
Sei lá, me doía demais tudo o que havia acontecido, sinceramente não gostaria de ter conhecido Tom. Eu o amava e isso era ruim, até poderia pedir para ele ficar e namorar comigo(na verdade eu nem ia precisar pedir) mas... Eu sei que amo ele então, tenho que fazer o certo. E nesse caso o certo é deixá-lo ir. Não tinha como entender. Não mesmo!
Não posso dizer o quanto chorei, nem mesmo se em algum momento eu parei de chorar. Depois de três horas assim, já não parecia que eu era uma pessoa... Talvez eu tenha morrido. De tristeza.
Mais era tudo mentira, por que meu celular tocou.
Droga. Morrer seria ainda melhor.
“Mélani fraca! Fugindo de seus problemas com a morte? Que lindo.” Minha mente era totalmente anormal.
Atendi o telefone.
– Alô.
– Mélani querida, sua voz está horrível! – Eu ainda não sabia quem estava falando.
– Pois é. Desculpa mas... Quem fala? – Minha voz estava em tons descontrolados. Uma droga. Na verdade agora tudo era uma droga.
– É o Bill! Olha, estou indo ai. Você está mau então eu vou ai. – Meu coração simplesmente parou. Por que ele viria até aqui? Ele tem que ficar com Tom. Acho que ele está mau.
– Bill? Ah Bill! Não precisa vir aqui. Tem pessoas que precisam de você, não gaste seu tempo comigo.
– Esqueça. Já estou na metade do caminho, sabia que você não ia querer ninguém ai, mas eu sou seu cunh..- Ele ficou em silencio, depois voltou a falar rápido. – Sei que precisa de um amigo. Beijos;
Antes que eu pudesse argumentar o telefone já havia sido desligado.
Corri para o banheiro e fui lavar o rosto, não queria deixar na cara que eu chorei que nem louca. Botei outra roupa e quando estava arrumando as almofadas (que eu joguei tudo longe), a campainha tocou.
Quando abri a porta, Bill me deu um abraço do tipo “quantos anos amiga”. Ele era muito simpático, e isso me fazia confiar nele.
– Você não deveria estar aqui. Tom precisa de você. – Eu disse com o coração mais apertado do que nunca, o fervor em meu rosto açoitava todo o corpo.
– Ele foi dormir. Gustav e Georg estão lá. Tivemos de alugar um quarto maior, porque estamos juntos em um mesmo quarto. Não é tão agradável, mais é por uma boa causa. – Sim, ele sorri resplandecente. Mas percebi que estava fazendo isso para não mostrar a preocupação e tristeza em seus olhos.
Suspirei. – Desculpa Bill. – Mélani! Não chora! Arght. – Desculpa por estragar o final de suas férias, desculpa por fazer Tom sofrer... - Tentei puxar o ar, mais isso causou algo que eu não queria. O liquido quente escorrendo pelo meu rosto. Ótimo... Estava chorando!
Bill me abraçou e me fez sentar no sofá.
– Querida não chore, nem se desculpe. Você não tem culpa da situação. Eu tenho que te agradecer por fazer de Tom alguém mais sensível. Finalmente ele conseguiu amar alguém, mesmo que seja algo difícil... Vocês se amam mediante a qualquer circunstância.
Como eu queria parar de chorar, mas isso parecia bem mais difícil. Eu estava deitada no sofá, com a cabeça no colo de Bill chorando desesperadamente. Tentei enxugar as lágrimas, mas ele não deixou.
– Não tem problema algum chorar. Você está triste e é só isso. – Ele me empurrou de leve para que eu levantasse. – Vem, vamos lá para o seu quarto. Você precisa dormir.
Realmente parecia que ele era meu amigo a muito tempo. Eu queria que suas palavras fizessem sentido em minha cabeça... mais isso era bem difícil.
Deitei na cama, me meti debaixo das cobertas. Bill se sentou na cama ao meu lado.
– Seu pai ou sua mãe, contavam histórias pra você antes de dormir? Os meus não. – Ele riu e eu sorri fraco para ele.
– Não. Minha mãe nunca foi disso. E meu pai deixou a gente quando eu tinha uns quatro anos. Não sei dele.
– A desculpa. – Ele baixou a cabeça.
– Não tem problema algum.Não sinto falta dele, e você não sabia também.
Eu não sei até que horas Bill ficou lá em casa.
Ele inventou de me contar histórias e eu acabei dormindo. De manha quando levantei, meu corpo todo doía, meu rosto estava inchado. “Por que será”
Em cima da minha escrivaninha havia um bilhete. Era dele mesmo, Bill.
Querida,
Fui para casa já que você dormiu. Não jogue mais as almofadas por toda a casa (sim eu percebi), elas estragam facilmente. Preparei uma roupa pra você usar hoje. Não adianta negar, hoje eu vou embora e você vem se despedir de mim direito. Vamos sair e almoçar fora. Como eu sei que você apareceria como um zumbi por aqui se te acordasse muito cedo. Eu botei o despertador para as dez e meia(você deve ter percebido). Nós te Amamos.
Beijos.
Billl.
Eu ri.
Nossa eu nem sei mais. Acho que estou com distúrbios emocionais.
Eu li e re-li o bilhete várias vezes. Parei na parte do: “ Nós te Amamos”. Me lembrei de Tom, e era obvio que ele estaria lá. Era melhor eu não ir, mas teria de ligar para Bill e pedir desculpas.
Olhei a ultima chamada recebida no meu celular( que era do Bill) e disquei o numero.
– Hello. – A voz sempre alegre.
– Oi Bill, é a Mélani. – Minha voz foi do tipo: “Negatividade no ar”
– Ah querida. Gostou da roupa que eu escolhi para você? Desculpa, eu mexi no seu guarda-roupa, mais queria te ver com algo diferente.
– Gostei da roupa sim. Não tem problema mexer nas minhas coisas. – Minha voz finalmente saiu descente. – Mas não sei se vou poder ir.
– Ah por que!? – Desapontamento foi pouco.
– Não sei. Acho melhor eu ficar em casa mesmo. Desculpa.
– Não! Se você não vem a despedida, a despedida vai até você! – Ele não ia desistir.
– Vou arrumar casa. – Não ia ter saída, então era melhor encarar.
– Estou indo sozinho ai. Vou te ajudar a arrumar. – Ele deu uma pequena ênfase na parte do “sozinho”, mais eu traduzi isso como: “sem o Tom”.
– Meu deus! Está bem. Beijos.
Pulei pra cozinha. Limpei toda (nem estava suja), depois fui tomar banho.
Quando estava viajando afu com a água quente. Alguém bate na porta do banheiro.
– Mel, é o Bill. Só pra avisar que eu cheguei e vou largar as compras lá na cozinha, está bem?
– Claro. – Não tinha encontrado pessoas que me chamassem de “Mel”, somente o meu melhor amigo, só que fazia tanto tempo que não o via. Parecia doce demais para uma pessoa como eu.
Depois que me vesti, sai do banheiro e dei de cara com Bill assistindo televisão. Na verdade ele estava xingando a moça do canal alemão. Eu nem sabia que tinha isso na minha TV. Eu tentei ler o que estava escrito no enunciado da noticia, mas eu não sabia alemão.
– Algum problema Bill?
– Não claro que não. – Ele sorriu. – Posso chamar os rapazes? Já botei a comida para esquentar.
– Sim. Usa o telefone aqui de casa. – Alcancei o telefone para ele.
Não demorou muito para que Tom, Gustav e Georg chegassem.
Ao me dar oi, Gustav me avaliou. De certo minha cara de choro ainda era visível.
– Vamos comer?! – Perguntou Bill trazendo os pratos.
– Eu te ajudo Bill.- Dissemos eu e Tom juntos. Eu estava bem “Away” de tudo que havia acontecido ontem, mas quando ele falou... tudo voltou a minha mente. Meu corpo vacilou um pouco, mas eu fiquei firme.
– Deixa que eu ajudo Tom. Você é visita. – Embora eu evitasse tocá-lo, minha mãe pousou sobre seu ombro, de forma que o fizesse sentar. Mais ele não sentou.
– Tah mais ele é meu irmão. E eu não sou mais visita. – Ele sorriu (tristonho).
– Tudo bem. Desisto. – Me sentei ao lado de Georg.
Enquanto almoçávamos os que mais falavam era Bill e Georg. Falamos sobre tudo, tudo mesmo. Mais não tocamos no assunto “partida”.
Percebi que Tom estava mais para baixo do que os outros. Nem precisava pensar muito para saber o porquê. Depois do almoço Gustav lavou a louça (depois de todos fugirem desse compromisso), e fomos para a sala ver um filme.
– Eu quero ver de Terror. – Disse Georg.
– Eu também. – Afirmou Bill.
– Gustav, Tom... o que querem assistir? – Perguntei.
– Pode ser terror. – Gustav se sentou no sofá. – Por mim tudo bem.
– A mesma coisa. – Tom nem deixou eu perguntar e já respondeu.
– Então que seja terror!
Sentaram-se Gustav, Georg e Bill no chão com as almofadas. E Tom e eu no sofá.
O filme era um tanto pesado, não me admira que eu nem o tenha tirado da capa depois de comprar. Tentei não expressar muito medo, mais eu me assustei em algumas partes. Tais partes que eu sem querer pegava a mão de Tom. Ele parecia inerte ao filme, só assistia e segurava minha mão quanto preciso. Da ultima vez eu levei um susto ele segurou minha mão e não a soltou.
– Para com isso. Eu to aqui, e isso é só um filme. – Ele sussurrou no meu ouvido. Eu fiquei meio em estado de choque sabe...0 hálito quente dele era reconfortante e ao mesmo tempo, convidativo. Tah parei!
– Não posso ter medo? – Perguntei sorrindo.
– Pode. Mas... – ele balançou a cabeça.- Esquece. Só acho que alguém durona como você, não deveria se deixar levar por histórias de ficção.
Nossa que assunto fora da linha, sabe.
– Eu não sei o que você está falando mais... É melhor assistirmos o filme. – Mostrei a língua para ele.
Na maioria das vezes eu era boa atriz, só que eu não estava mentindo para ele. Eu estava feliz.
“Mélani! Você não ia se afastar dele?? Que eu saiba ia!” minha mente estava me trazendo lembranças...
“Eu não posso. Hoje é o ultimo dia.” Respondi a mim mesma.
Nossa, eu precisava de um médico.
– Mélani... - Tom me balançou. – Você está com sono? Pode encostar-se em mim.
Eu não tinha dito nada ainda, mais ele passou o braço em volta de mim e me puxou mais para perto dele. Conseqüentemente, eu me encostei nele.
– Não estou com sono. Só estava pensando. – Respondi baixinho.
Ele se virou para televisão e continuou vendo o filme. Mais parecia impaciente porque ficava mexendo toda a hora com a língua no piercing.
– Tom, para com isso. – Eu disse sem graça. Na verdade aquilo era muito, sei lá... Sensual. UHAUAHSUASH’ Ai eu não deveria pensar essas coisas!
– Parar com o que? – Ele perguntou surpreendido.
No mesmo momento Bill se vira.
– O que o Tom está fazendo? – Ele olhou na verdade, mais para o Tom. No tipo: “se fizer algo errado eu te mato”.
– Calma Bill. Não é nada demais. – Sorri. – Pode voltar a ver o filme. – Ele sacou que era uma coisa do tipo : “ Com licença, a e b tah”
– Está bem.
Enquanto isso Tom ainda esperava pela respostas e eu ri baixinho.
– Seu piercing. Para de mexer nele.
– Te incomoda? – Ele disse de um jeito debochado, começou a mexer no piercing de novo. ARHGT! Aquilo era hipnotizante.
– Para. – Disse.
– Faz ele parar. – Agora isso foi no tom ultra desafiador. Ai eu queria resistir mais...
Pela primeira vez, a gente se beijou direito. Sem ele me agarrar e tudo, sabe...
Foi diferente, foi mais do que bom... foi fantástico, foi perfeito. Foi como se eu nunca tivesse beijado antes. Não sei porque mais algumas lágrimas caíram sobre meus olhos. Isso me assustou, eu nem tinha porque chorar. O ar faltou e eu me afastei. Por extinto passei minhas mãos no rosto para enxugar as lágrimas, mas não havia uma só gota. Olhei para Tom e percebi que as lágrimas não eram minhas.
– Oh Meine Gott. – Falei baixinho. – Você está bem.
– Podemos ir lá fora? – Ele perguntou sem me olhar nos olhos.
– Claro. – Me levantei e toquei no ombro de Bill. – Já voltamos.
– Tudo bem querida, vai lá. – Bill sorriu e voltou a prestar atenção no filme.
Fomos para frente de casa, já que nos fundos estava o cachorro e ele não gostava muito do Tom. Mentira ele amava o Tom e isso era chato. Ciúmes do meu cão. O fim!
– Porque estava ou está chorando? – Perguntei.
– Não sei bem. Beijar-te sem ser a força e sem você me bater foi... Perfeito. E eu vou sentir falta disso.
– Também vou. Mais temos que ser fortes não é mesmo? Eu sei que você gosta de mim e eu também gosto de você. Mais a distancia é algo que não vamos conseguir lidar. Eu, eu não ligo sabe... Para as fãs o assédio e tudo mais. Não gosto do Tom Kaulitz guitarrista pegador, eu gosto só do Tom. Aquele que tem mau gosto para musica, e que tem de aprender a ser mais amável. Eu gosto de você pelo que você é, e não o que representa. Mas, você vai estar tão longe Tom, tão longe. E nessa semana, não sei se foi o suficiente para eu achar que... Você mudou o bastante. – Nossa. Me superei agora. O meu estomago estava se apertando. Chorar?
– Mélani... E se, e se tentássemos. Sabe, tentar ter um relacionamento a distancia. E eu poderia vir te visitar. – Finalmente ele me olhou nos olhos. E isso era tão doloroso! Ai era tão ruim ter que dizer adeus.
– Tom, você tem que se dedicar a banda, aos shows e a sua vida. Se você tiver uma namorada que mora bem longe de você... sei lá, sua cabeça vai estar em outro mundo. – Eu queria namorar com ele. Realmente queria, mas não seria certo.
– Só tenta. Eu quero tentar, por que não quero desistir sem tentar. – Ele apartou minha mão de leve. Sabe, sem me machucar... era mais um suplicio.
– Ah Tom... – Suspirei. – Tudo bem. Eu tento.
Eu realmente comecei a chorar. Só que era de alegria.
Tom sorriu e me beijou. Quente e amável... sentiria falta disso.
(Tom)
Não sabia bem como ia fazer. Só sabia que tinha!
Ela era minha namorada agora. Isso era perfeito.
– Mélani, você quer namorar comigo?
De primeira ela me encarou, e como estávamos perto um do outro senti as batidas de seu coração, eram fortes e aceleradas.
– Quero. – Ela ficou vermelha. – Sim, eu ainda acho que é errado, porem, eu quero.
Beijei Mélani de novo. Era diferente das outras meninas, ela tinha mais vontade. Tipo não era aquela coisa: “Tom me coma!” ( sinceramente a maioria era assim). Ela me amava e eu sentia isso. Por que, eu não sabia como era amar alguém... Mas, esse sentimento era diferente de qualquer coisa. Então o classifiquei como amor.
No meu bolso algo vibrou. Olhei no visor do celular.
Depois de uma semana, era a única hora que eu não queria que chegasse.
– Você tem que ir não é mesmo? – Ela parecia tristonha.
– Sim.
– Tudo Bem. Vou chamar Bill e os meninos.
Na verdade ela parecia estar encarando essa melhor que eu. Essa coisa toda de amor era no mínimo bem gay. Mais esse era o meu pensamento antigo, agora eu entendo por que Bill quer se apaixonar.
No aeroporto, eu fui o ultimo a me despedir de Mélani. Bill chorou e ela também (drama legal... até no aeroporto [lamentável])
– Tom. – Ela me olhou. - Me espere. Eu vou ir até você um dia. – Isso me surpreendeu.
– Sério!?
– Sempre quis conhecer a Alemanha! - ela sorriu brincalhona. – Agora vai.
Deu ultimo beijo nela.
– Mélani.
– Sim.
– Cuide do meu coração. Pois ele ficou com você.